quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

TIMES LIKE THESE



I, I am a new day rising
I'm a brand new sky
To hang the stars upon tonight
I, I´m a little divided
Do I stay or run away
And leave it all behind?


All that you can't leave behind - este foi o nome que eu dei para o blog que me propus a escrever durante o ano de 2009. É uma óbvia referência ao álbum do U2 que é responsável por verdadeiros encontros pessoais (eu ainda acredito em trilha sonora!) e marcou um importante período da minha vida.

O interessante é que em 2008 eu escrevi nas Reticências... (antigo blog) toda a prolixidade de um garoto deparando-se com um mundo novo. O primeiro ano de faculdade, o primeiro contato com a profissão (apesar do jornal do colégio, etc, etc...), os novos amigos, novas leituras - enfim, um tempo que não permitia "pontos finais" dado o frescor das experiências.

Em 2009, no livro das coisas que não posso deixar para trás percebi que talvez fosse preciso ser mais direto, talvez sem maiores rodeios (ser compreendido?!). Refrescando alguns pontos de vista pessoais, revendo conceitos, escrevendo fluxos de consciência (sem maiores rodeios? Como?!), poemas, alegrias e tristezas. Não seria isso a própria vida?

Mas o que eu quero dizer com tudo isso é que a escrita (ou a tentativa de formular um pensamento em palavras - algo difícil para mim) sempre me acompanhou como uma espécie de reflexão maior sobre o período em que escrevo. E o blog funciona perfeitamente como um apanhado de textos que, de certo modo, dizem muito sobre a "atmosfera dos períodos em que foram escritos".

Os posts tratam-se então de "registros pessoais de lembranças frágeis".


"2009"

Já disse em um post anterior que 2009 foi realmente um dos melhores anos da minha vida. Não apenas pelo fato de ter realizado trabalhos que eu julgo importantes, mas pelo simples fato de que eu aprendi muito a confiar em mim mesmo e perceber que quanto mais responsabilidade, mais significativas se tornam as decisões - e por isso mesmo, nem sempre ser "diplomático" se torna uma postura possível.

Percebi que existem caminhos para se trilhar em silêncio, ideais que serão só meus e sonhos que podem parecer ridículos - mas que ao colocar a cabeça no travesseiro voltam a tona, e podem atormentar quando o grande temor é o fracasso.

Em 2009 percebi o quanto é importante se esforçar e ser íntegro o bastante para conquistar respeito, e mais do que isso, para realizar trabalhos realmente relevantes. Mas, acima de tudo, é o trabalho em equipe que produz frutos.

Neste ano eu me despedi, me encontrei, errei, vi amigos partindo para longe, pensei que não conseguiria fazer algumas coisas, me orgulhei, me frustrei. Pensei a respeito de como as pessoas me enxergam, tomei um susto, mas percebi que de nada adianta me martirizar "em favor do que os outros pensam sobre mim".

Continuo acreditando em Deus - e isso é algo inabalável. Sou cheio de incertezas, e por isso mesmo ter meus pés bem firmes na rocha é essencial para que nenhuma tempestade me abale.


2010 - "Que seja melhor"

Que os líderes mundiais encontrem uma resolução para o aquecimento global, que as guerras em curso não se tornem mais trágicas do que já são (falo em especial do Afeganistão e do Iraque), que o Brasil "decole" como sugeriu uma edição da The Economist, que a seleção brasileira traga mais um título e faça a alegria do país e que o candidato do PSDB (Serra?!!!) não se torne o novo presidente da República.

Que eu veja programas tão bons quanto Capitu, que eu fique tão hipnotizado por uma música quanto Empire State of Mind (ainda que meus amigos odeiem!), que eu tenha visões tão belas quanto do alto do Corcovado ou Ipanema ou Salvador ou Goiânia ou Brasília.

Que eu reveja Tudo sobre minha mãe no cinema (e me impressione de novo com a música e as cenas da chegada a Barcelona!), que eu tenha mais surpresas no Oscar como Quem quer ser um milionário?. Que eu veja mais filmes ao estilo de Frost/Nixon, que eu escute álbuns tão bons quanto No line on the horizon ou Phrazes for the young ou o fado de Antônio Zambujo...

E que se em 2010 algum astro pop morrer, por favor, que seja enterrado rapidamente!


O Peregrino

Sobre meus planos pessoais para 2010... ainda não os tenho de maneira concreta. Na verdade estão todas as possibilidades suspensas no ar. Está tudo no alto a espera de um email, de uma esperança, de uma coincidência, de uma resposta, de uma busca.

Sempre me coloquei na figura de um peregrino em busca de sua devoção maior. Ainda estou procurando, talvez em 2010 eu encontre a iluminação que eu procuro. Mas enquanto isso não acontece, tenho como certo que minha visão deve sempre estar no comando, pois a visibilidade é limitada e produz distorções terríveis.

E em se tratando de um peregrino que possui caminhos longos até chegar ao fim da sua Cruzada, optar pela visão é apostar no futuro. E assim chega 2010, seguindo em frente e carregando nas costas o peso de tudo o que não posso deixar para trás.



It's times like these you learn to live again
It's times like these you give and give again
It's times like these you learn to love again
It's times like these time and time again
(Foo Fighters - Times Like These)

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Do they really care about us?!


No ano passado, o "boom" da crise dos alimentos invadiu a mídia - mas infelizmente foi nocauteado por outra crise... a econômica mundial. Naquela ocasião as Nações Unidas buscavam, junto aos países desenvolvidos, recursos suficientes para auxiliar no combate à fome. Não me lembro exatamente qual foi o valor estipulado pela ONU, mas me recordo de que o fundo não conseguiu atingir a meta necessária para efetivação dos trabalhos.

Meses depois vieram os incomensuráveis "planos de salvação" de uma economia neoliberal podre. E assim, a recessão continua em boa parte do globo, mas foi superada graças aos bilionários pacotes de ajuda ao mercado financeiro. Enquanto isso, o mundo agoniza em uma crise de alimentos que será agravada pelo aquecimento global, como já apontam estudos pós - Conferência do Clima.

Mas relembro tudo isso para reforçar a campanha da ONU contra a fome no mundo - "1 bilion hungry". Segundo a FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação), existe mais de um bilhão de pessoas subnutridas em nosso planeta.

Por ajudar a reverter essa situação, a Campanha disponibilizou uma petição online que deve ser assinada por todos aqueles que desejam expressar seu repúdio ante a situação de fome no mundo. Eis uma maneira simples de contribuir para algo importante.

Os interessados podem assinar o documento através do endereçowww.stumbleupon.com/su/5ONBxv/www.1billionhungry.org/home/pt/.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

O que o NATAL significa para mim?

O natal está diante de nós, e pra quem acha que eu sou o Grinch em pessoa, basta dar uma lida na matéria do jornal "Tribuna do Planalto" desta semana (sobre as sensações do Natal, em que eu sou um dos entrevistados) para perceber que não é bem assim. Dentre os assuntos está a tradição, o sentido da festa para mim, corais (lembranças natalinas), etc...

Eu acredito que o Natal vai muito além de presentes e Papai Noel. Aliás, o nascimento e a vida de Cristo - ao meu ver - promove uma completa revolução na maneira de olhar para este mundo. E por isso mesmo, é paradoxal diante do que se tornou (se resumindo ao comércio desenfreado).

O enviado para salvar o mundo veio pobre, sem recursos. Dormiu numa manjedoura e andou por esta terra simples e humildemente. Eu acredito neste plano divino que confunde os sábios e eruditos diante de tamanha simplicidade. Deveria ele ser um estadista? Ou o seu governo em nada se assemelhava aos destituídos e coroados desta terra?

Mas este cristianismo vinculado, em especial, ao amor - este é complicado e difícil. Incomoda amar o próximo, e isso nem sempre é uma barreira fácil de transpor. Eu tenho total certeza de que este é o grande desafio do cristão.

O amor era sua bandeira e sua maior revolução. Dai provem a graça, misericórdia e tantas outras palavras bíblicas. Para mim o Natal é isso - o amor revolucionário de um menino que nasceu para transformar o mundo. Nada de cristianismo de riquezas - pois seria até contraditório diante da história do autor desta fé!

Que enquanto estivermos nas lojas comprando presentes, ou então quando estivermos confortáveis em nossas casas comendo a farta ceia, nos lembremos da humanidade em geral - e pensemos no quanto falta amor... simplesmente isso: falta amor.

E talvez, ao percebermos que nós mesmos não amamos o mundo como deveríamos amar - nunca falamos sobre isso, e sequer paramos para pensar nesta palavra em um sentido mais amplo, cheguemos a inquietude que levou C.S. Lewis a dizer que "se ele fosse te recomendar uma religião para que você se sentisse confortável, certamente ele não te recomendaria o cristianismo".

sábado, 19 de dezembro de 2009

Férias!


OK! Posso respirar agora? É sábado e eu estou na rádio desde o início da manhã editando os programas de férias - que vão entrar com reportagens especiais, além, é claro, de um programa musical do dia 31 de dezembro.

(...)

Se me perguntarem - agora que entrei de férias - como foi o ano, eu posso, sem dúvidas dizer que foi um dos melhores que já tive. E um ano bom nem sempre é sinônimo de vida mansa, folga e coisas do tipo. Foi um ano de viagens e muito trabalho.

Como me esquecer que vi os primeiros raios do sol no dia 14 de maio (meu aniversário) em Ipanema, no Rio de Janeiro - e ali escrevi o post "Carta de maio". Ou então, que visitei o pelourinho e todas as belezas de Salvador. Sem me esquecer, é claro, do trabalho no Perro Loco - massa(!) e da Rádio Universitária, com todas as suas histórias (boas e ruins também). Mas este ainda não é meu post de encerramento do ano. Ainda faltam alguns dias, e agora é hora de realizar algumas leituras, ver alguns DVDs e ouvir muita música.

É neste livro
das coisas que não posso deixar para trás que eu registro algumas alegrias, tristezas, sonhos e visões. O futuro se descortina diante de nós "que somos jovens", e só nos resta correr atrás!

MAS, montando os programas de final de ano, tenho o do dia
31 de dezembro como especial. Foi tão rápido que nem tive muito tempo para uma concepção mais elaborada a respeito de quais músicas iria colocar no ar nesta data. Por isso mesmo, acabei buscando músicas que tem haver comigo, e que de certa maneira refletem o meu ano.

Eis a lista:

1 - No one's better sake - Little Joy
2 - I'm yours - Jason Mraz
3 - O mar - Vanguart
4 - Dear Prudence - Beatles
5 - O tempo - Móveis Coloniais de Acajú
6 - Tente outra vez - Raul Seixas
7 - I'll go crazy if I don't go crazy tonight - U2

(o programa vai ao ar dia 31 de dezembro às SEIS da tarde, na Rádio Universitária. Ouça pela internet no site www.radio.ufg.br!)

Previsível, não?! Não sei se essas canções resumem todo o meu ano de 2009 - mas boa parte dele foi embalado, se não por essas canções, ao menos pelos artistas em questão. Agora eu só consigo pensar em férias, em AVATAR (em breve quero comentar a respeito aqui no blog), e na comida de casa...

Agora, livre das "amarras" burocráticas, tenho certeza de que me dedicarei mais ao blog.

sábado, 5 de dezembro de 2009

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

The Last One?

Quando eu mesmo não consigo exprimir o que penso ou o que sinto - quando percebo o quão artificial podem soar minhas palavras mal colocadas, resolvo então me aproximar do poeta, e buscar aqueles versos que vão de encontro ao meu coração e parecem sondar meus mais íntimos anseios .

Nestes dias, em que não consigo escrever algo denso em frente a uma tela em branco - dias cinzas e nenhum pouco criativos, dias de poucos comentários em que o livro das Coisas que não podemos deixar para trás parece não conseguir apreender os ensinamentos cotidianos. Eis a dificultade de olhar para frente, talvez porque só saiba colher estilhaços do passado ou até mesmo porque tenha recebido águas niilistas o bastante para torná-lo cético.

A medida em que 2009 aproxima-se do fim, All that you can't leave behind se torna uma palavra de ordem, ainda que os textos fiquem presos na mente e no papel - sim, no obsoleto papel. Guardando meus temores e minhas incertezas, chego ao final do ano com dúvidas palpáveis e respostas cada vez mais abstratas. Se tenho amigos? Não sei. Se tenho certezas? Algumas. Se sou feliz? Acredito que sim, como todo mundo.

Erros, como permiti-los quando se cobra tanto e oferece tão pouco? Como controlar impulsos? Se alguém que (ainda) lê meus registros esquizofrênicos e bizarros puder me responder, por favor, o faça. Às vezes perco a juventude que parece escorrer para o ralo do banheiro. Às vezes é necessário subir no alto da montanha, ainda que seja de elevador, para ver o que me cerca em outra perspectiva - e tudo isso ao som das velhas músicas de antes. Se me considero triste? Não, apenas um pouco "reflexivo".

As luzes do Natal já estão lá, e daqui a pouco toda a correria não vai passar de uma agenda velha cheia de informações. Enquanto permaneço no campo de batalha, vejo tantos mortos, outros feridos. É como em Stalingrado - a mais fascinante batalha de todas, ao meu ver. Talvez dure mais tempo do que eu imagine, mas é certo que as forças do 'mal' não poderão vencer. E de fato é naquela cidade, em meio ao vento gélido que sopra da Sibéria... são naquelas ruas cheias de sangue inocente que tudo vai entrar nos eixos, ou ao menos começar a se resolver. O mundo é mal porque as pessoas são más e eu nunca me iludi em relação a isso. Mas há esperança para o ferido, não se pode perdê-la de vista!

O fato é que mesmo em meio ao barulho de explosões e ofensivas, preciso me silenciar para não perder a razão. Não sei se este exercício incluirá também este livro de memórias online que já parece esquecido no tempo. Talvez eu volte a escrever quando puder aquecer o combustível congelado e conseguir avançar alguns metros em direção aos meus objetivos mais secretos.

Talvez eu não confie nem nos aliados, não por temer suas ações, mas sim, suas indagações. Talvez eu precise mudar algumas das rotas e reiventar um plano de batalha. Mas tudo isso parece tão difícil que, por ora, me apego ao silêncio. Quem sabe eu não volte com boas notícias?



"Se não estivéssemos tão empenhados
Em manter nossa vida em movimento,

E pelo menos uma vez pudéssemos não fazer nada

Talvez um enorme silêncio

Pudesse interromper a tristeza
De nunca entender a nós mesmos
E de nos ameaçarmos com a morte"

("Ficando em Silêncio", Pablo Neruda)

Sigur Rós - Hoppípolla from Sigur Rós on Vimeo.


"Tem horas em que, de repente, o mundo vira pequenininho,
mas noutro de
repente ele já torna a ser demais de grande, outra vez.
A gente deve de
esperar o terceiro pensamento.
(...)
O correr da vida embrulha
tudo,
a vida é assim:esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."


(Guimarães Rosa)

domingo, 15 de novembro de 2009

Cidades Invisíveis


I

Uma cidade no deserto
Entre dois rios
Entre duas perspectivas
Do outro lado, como a enxergam?

Passado presente futuro
Nas pegadas do peregrino
Que cruza vales e montanhas
Burlando placas e sinais, se perdendo ou se encontrando

De olhos fechados pode-se percorrer as fronteiras
Perscrutar
Alterar o passado
É assim em cidades espelhadas
Que tem o poder de refletir o pouco que nos pertence
Em meio ao muito que não tivemos e não tereremos

["Ao chegar a uma nova cidade,o viajante reencontra um passado que não lembrava existir: a surpresa daquilo que você deixou de ser ou deixou de possuir revela-se nos lugares estranhos, não nos conhecidos." CALVINO, Ítalo]

II

Os caminhos são muitos
Cidades geradoras de vida
Cidades mulheres
Interligadas, simbólicas, delgadas

Existências agregadas
Entre concreto e pavimento
Cidades que se multiplicam
Que respondem indagações dos que peregrinam
Cidades divididas entre o itinerante e o fixo

Construídas entre abismos
Com sons próprios, ruídos...
No passado era uma, mas no presente tornou-se outra
Nunca a mesma
Dividida entre os mortos e vivos

["Voz do que clama no deserto: Preparai um caminho reto no deserto. Todo o vale será exaltado, e todo o monte e todo o outeiro será abatido; e o que é torcido se endireitará, e o que é áspero se aplainará." Isaías 40]


III

Em meio à jornada proposta
O peregrino encontra vida
Entre diferenças e semelhanças

Descobre-se em meio a um tabuleiro de xadrez
Com peças entupidas e utópicas
Calcificadas pela ilusão de movimento

As cidades mulheres
Governadas pelo que não se pode ver
Formando impérios desconhecidos do rei
Cidades sem nomes, meras metáforas do que é humano

Terras longínquas
Ilhas de proporções continentais
Verticais, horizontais
Cidades invisíveis, uma única, muitas talvez...

["- Eu falo, falo - diz Marco, - mas quem me ouve retém somente as palavras que deseja. Uma é a descrição do mundo à qual você empresta a sua bondosa atenção, a outra é a que correrá os campanários de descarregadorses e gondoleiros às margens do canal diante da minha casa no dia do meu retorno (...) Quem comanda a narração não é a voz: é o ouvido." CALVINO, Ítalo]


Texto escrito em Fevereiro de 2009 após a leitura do livro "Cidades Invisíveis", de Ítalo Calvino.

domingo, 1 de novembro de 2009

"Mr. Gorbatchev, tear down this Wall"

A frase do título deste post é do ex-presidente dos Estados Unidos, Ronald Reagan, durante um discurso na Alemanha em 1987. Durante essa semana o mundo todo vai comemorar a queda do muro de Berlim, que aconteceu junto com o meu nascimento - em 1989. Sim, trata-se de um dos eventos mais importantes do final do século XX.

É estranho pensar que pessoas ficaram separadas durante décadas por uma barreira erguida em poucas horas. Imagina só, você acorda, vai trabalhar e depara-se com uma fronteira intransponível! A barreira imposta pelo regime comunista foi, sem dúvidas, o grande símbolo de um tempo que acabou. O mundo com duas frentes de poder, URSS x EUA em uma corrida armamentista sem tréguas, etc, etc.

E para comemorar a queda do muro de Berlim, eu pesquisei no youtube alguns vídeos, a maioria de telejornais que acompanharam a queda do muro e também da URSS depois. Confesso que tenho inveja daqueles jornalistas que estiveram envolvidos na cobertura destes eventos tão significativos. Para aqueles que gostam de jornalismo internacional, eis um bom momento para pensar sobre o poder das imagens, dos textos bem construídos e da responsabilidade e privilégio de reportar um momento histórico.

E para finalizar este breve post, deixo uma frase da Margareth Tatcher dita em uma das reportagens a respeito de Berlim em 1989 que vou colocar aqui: "It makes you realize that you can't stifle or supress, people desire for liberty". Vale a pena conferir os vídeos!

1 - Cobertura da BBC com entrevista de Margareth Tatcher:



2 - Discurso de Reagan em 1987:



3 - Cobertura da CBC:



4 - Cobertura do Jornal Nacional:



5 - Pedro Bial narra o fim da URSS no famoso 'Plantão':

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Trilhos antigos do Velho Mundo

E para viver a vida intensamente deves compreender que nasceu em um trem que permanecerá rodando por décadas sem parar. E você precisa ter todo o necessário em uma mala.

Guarde nessa mala sua história, ideias e emoções. Deixe a linha do tempo devidamente empilhada entre roupas e retratos. Ali, de dentro do trem, os fatos passam por você em alta velocidade e você precisa ser forte e segurar-se diante da rapide dos acontecimentos. Os trilhos são traiçoeiros e a paisagem enganadora.

Talvez lá fora esteja nevando, mas é certo de que cruzarás inúmeras fronteiras e verás muitas bandeiras hasteadas. O nacionalismo fará entoar novos hinos a cada dia, e não terás uma terra fixa e uma nação para chamar de tua. A mala será sua identidade, o local onde poderás guardar tudo o que te aflige - o que te inquieta, e também, todas as emoções que te fazem sentir bem. Lembre-se: o céu estará azul amanhã, e não duvides disso. A vida é imprevisível às vezes, e por isso mesmo deverás aproveitar ao máximo a viagem.

E quando os trilhos de diversos lugares se encontrarem, não assuste - são apenas encontros pré-marcados por apressados e burocratas das horas. Observe as colunas das estações, grave bem as expressões que cada um faz quando adentra seu determinado vagão, ou então a testa franzida daqueles homens, revelando a preocupação dos iludidos enquanto esperam inquietos o próximo trem chegar. Cada um desses tem histórias tão distintas agora, por isso, não se apegue demais a eles, são passageiros - possuem seus destinos marcados. Definitivamente eles apenas passam...


Quando sentir-se só, abra a mala e retire algo que lhe faça recordar de algo bom. Quando precisar representar, também recomendo que utilize tudo o que acumulou em sua Scheherazade - não se engane, muitas vezes é necessário enganar um rei para livrar-se da morte. Histórias sem fim, de embarques e desembarques, de trilhos, de montanhas cobertas por neve e desfiladeiros tropicais.

Esteja certo de que no Velho Mundo é possível caminhar por entre as sensações e conhecer fortalezas medievais. Não se esqueça que é possível modificar a esperança, construir nossas próprias existências e arriscar a intensidade. Mas antes de partir nesta busca por si mesmo, volte-se para o seu lar, e prepare-se para o que se seguirá. Parta apenas quando estiver seguro e acreditar em teu roteiro.

Seja tua mochila a Scheherazade a acalentá-lo em noites amarguradas, seja tua mala a memória que te resguarda do esquecimento, sejam os trilhos e estações metáforas perfeitas para explicar o que é inexplicável e glorioso, o sentido da existência. Seja quem quiserdes em cada nação visitada, mude, ouse...
Daqui eu enxergo vitrais longínquos, através dos quais a luz do meio-dia ilumina o interior de uma grande edificação que aponta para os céus. Ouço uma música... um piano, e ao fundo, um coro de vozes melódicas... talvez seja a redenção.

domingo, 18 de outubro de 2009

É bom estar SÓ?

Quero saber se você vem comigo
a não andar e não falar,
quero saber se ao fim alcançaremos
a incomunicação; por fim
ir com alguém a ver o ar puro,
a luz listrada do mar de cada dia
ou um objeto terrestre
e não ter nada que trocar
por fim, não introduzir mercadorias
como o faziam os colonizadores
trocando baralhinhos por silêncio.
Pago eu aqui por teu silêncio.
De acordo, eu te dou o meu
com uma condição: não nos compreender

(Pablo Neruda)

"Ficar só e compreender a si próprio" - este tem sido meu lema nos últimos dias. Em dias de tanto barulho, trabalho incessante e correria, parece que somos sugados pela vida a ponto de vivermos algo absolutamente programado. Existem ainda aquelas convenções de "felicidade" que eu realmente não gosto...

Poderia falar sobre a felicidade instantânea (aquela ilusória, que é seguida de um imenso vazio existêncial)... mas eu quero me prender neste post à necessidade que eu tenho de ficar, ao menos um pouco, sozinho. Para alguns pode parecer estranho, mas para mim não há nada mais divertido do que ir ao cinema sozinho, ir religiosamente à banca analisar as revistas e andar pelas ruas olhando a paisagem.

Em casa, baixo um daqueles CDs antológicos que tenho a obrigação de conhecer e me deparo cada vez mais com a certeza de que ouvir um álbum inteiro é muito diferente do Top Top das paradas (vide White Album dos Beatles ou até mesmo o contemporâneo 21st Century Breakdown do Green Day). Algo pra comer, livros, revistas, DVDs e trilha sonora ajustada - tudo isso pode significar dias de intenso prazer.

Eu não tenho problemas nenhum em ficar sozinho, e percebo que as pessoas temem o silêncio, temem a ausência de barulho. No final de semana eu procurei ficar sozinho... e consegui momentos muito interessantes na minha "própria companhia", se é que me entendem. Eu vi Up (finalmente), depois tomei sorvete, caminhei pelo centro e percebi o quanto a vida é boa a partir de pequenas coisas.


Eu sempre soube que não precisarei de muito para ser feliz, e percebo que uma certa linearidade é algo que eu estou sempre buscando. No sábado, ao sair do shopping eu me deparei com duas primas mais velhas aterrorizadas pelo simples de fato de ter alguém com 20 anos sozinho em pleno sábado a noite (EU!). Talvez é ai que esteja a graça: andar sozinho, não por falta de companhia, mas por mero desejo.

Cultivar a solidão não significa querer estar só o tempo todo, mas sim perceber que estar sozinho é necessário para compreender muitas coisas (compreender a si próprio), e mais do que isso, perceber que há vida além da correria e do constante barulho ao qual estamos acostumados. E assim, as vezes é importante inflar nossas casas - nossas vidas - e sair por ai voando, cada um em busca da sua própria América do Sul.



Eu descobri neste sábado algo que daria um post - é a revista Billboard brasileira (algo tão intenso quanto a primeira vez que eu vi a R.S brasileira). E eu sei que este assunto já foi tema de vários posts e matérias, inclusive na Ilustrada - mas não poderia deixar de comentar aqui.



domingo, 11 de outubro de 2009

Change your mind!


E então eu percebi que precisava mudar algumas coisas...



If you wanna be somebody else,

If you're tired of fighting battles with yourself
If you wanna be somebody else
Change your mind, change your mind


Hey, hey-
Have you ever danced in the rain or thanked the sun
Just for shining, just for shining or the sea?
Oh no, You take it all in the world's a show
And yeah, you look much better,
Look much better when you glow!

Yeah yeah
I hope you've heard every word I've said
Yeah yeah
you've had enough of all your tryin'
Just give up the state of mind you're in!

(Sister Hazel)



"Porque, onde estiver o vosso tesouro, ali estará também o vosso coração."

domingo, 4 de outubro de 2009

Rio 2016: Quando o "Yes we can" ficou pra trás


"Pelé cried, and his compatriots celebrated the latest evidence that for one of the world's most glamorous, charismatic countries the good times are starting to roll. So often described as belonging to a "country of the future", Brazilians found themselves living in the present this weekend." The Observer, 4 de Outubro de 2009.

Na verdade eu esperava mais evidências para poder falar sobre a mais recente vitória brasileira, as Olimpíadas de 2016. É que desde o início do ano eu já ouvi de tudo - que o projeto do Brasil era inconsistente, que o orçamento foge completamente da realidade dentre outras muitas justificativas. Ainda no 1° semestre a revista Carta Capital publicou uma matéria sobre a falta de fiscalização das verbas direcionadas à Copa do Mundo, e também sobre a inutilidade das instalações construídas para o Pan. Mas após ler o artigo do The Observer hoje, considerei ser oportuno falar sobre o tema.

Sim, eu concordo que existam muitos problemas relacionados à realização de eventos tão grandiosos, e posso até mesmo arriscar dizer que em um país no qual não existe apoio para os atletas, falar de Olimpíadas pareça piada. Mas se analisarmos os Jogos a partir de uma vertente econômica e mais internacionalista, talvez cheguemos à conclusão de que é totalmente relevante.

Brazil, as President Lula has frequently commented of late, is living through a "special moment". Rising exports, a commodities price boom and the government's investment in social policies have helped millions of impoverished Brazilians rise from poverty since the leftwing leader came to power in 2003. The IMF says that Brazil, and other countries in the region, have weathered the global financial crisis "rather well".

O Brasil tem importância no cenário político internacional (vide G-20, Doha, Honduras e Haiti) e se firmou como um país de crescimento estável, adquirindo cada vez mais peso em decisões importantes tanto na política quanto na economia. Um relatório do FMI divulgado na última semana afirmou que o Brasil é o país que vai registrar o maior crescimento econômico na América Latina, o que pode comprovar a "prosperidade brasileira". O país de proporções continentais é grande exportador e firma parcerias econômicas importantes. As Olimpíadas de 2016 não seria um reflexo das melhorias no país?

Sim, na China foi assim - enquanto milhares de olhinhos puxados batiam os tambores de maneira sincronizada na cerimônia de abertura, um recado ecoava ao mundo dizendo: "Nos tornamos potência". Assim foi em Moscou, em Madri e em outros lugares que receberam os Jogos. É ingenuidade pensar que tal escolha do COI não tem muito a dizer. Aliás, Obama estava lá, e nem mesmo o discurso do "Yes, we can" surtiu algum efeito (em outros tempos, o peso da visita seria imenso).

Quando o COI anunciou que Chicago estava fora da disputa, o apresentador da CNN promovou uma das cenas mais bizarras que eu vi nos últimos tempos. Ele indagava desacreditado: "Chicago is out? Chicago is out?!". E realmente, a princípio pareceu impossível que a escolha da cidade fosse daquela maneira. Se me perguntarem se eu esperava que o Rio ganhasse... eu teria que responder em alto e bom som: NÃO!



O Rio de Janeiro é apaixonante e uma Olimpíada lá será algo inesquecível. Pela primeira vez, o fogo do Olimpo chegará por aqui, na América do Sul e promete ser um evento muito bonito culturalmente falando. Espero que os gastos sejam devidamente acompanhados, e que o nosso país possa mostrar ao mundo que consegue organizar um evento mundial.

Que os noticiários de esporte não sejam ufanistas e passem a cobrar do governo o desenvolvimento de políticas públicas para o esporte. Que possamos olhar para os que começam a praticar qualquer esporte com o mesmo olhar que dispensamos para os grandes. Há muito a ser feito, mas o mundo todo já reconheceu que o Brasil de hoje é diferente, e que muito já foi feito.

Depois da Copa, o Brasil terá a oportunidade de mostrar que o país do futebol é o país dos Jogos Olímpicos. Eu estarei lá para conferir! Como disse o The Observer: "Com Rio 2016, país do futuro vive o presente".


segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Responda se puder...


E ele está consciente de que quanto mais vê, menos sabe. E caminhando assim ele consegue vislumbrar diversas possibilidades e tenta se conter diante da simples capacidade de sonhar. Não conseguindo controlar tal ímpeto, é transportado para a projeção de um futuro que existe na liberdade da juventude. Por uma série de medos e incertezas, os sonhos são vividos de maneira cética - ele deve pensar que vive seus projetos "na medida em que tem que ser" para aceitar qualquer fracasso que o atrapalhe pelo caminho.

De qualquer maneira, mesmo não encontrando em si todo o valor que julga ser necessário para tornar-se bom, permanece pensativo a respeito da audácia de tais (possíveis) elevados planos - e por isso mesmo acaba transformando-os em silêncio. O fracasso parece estar tão próximo, mas a vitória talvez virá ou certamente virá. É tudo tão incerto e ao mesmo tempo eufórico. Talvez ele reconheça que a batalha mais difícil é a que se trava todos os dias consigo mesmo. Mas em meio às incertezas, uma pergunta permanece:

Seria possível viver sem sonhar?


Quem ocupa o trono tem culpa
Quem oculta o crime também
Quem duvida da vida tem culpa
Quem evita a dúvida também tem

Somos quem podemos ser
Sonhos que podemos ter

sábado, 19 de setembro de 2009

Meu programa de TV favorito


Bom, sei que meu último post também fala sobre TV, mas eu não poderia deixar de postar algum comentário sobre o meu programa favorito (e nem é exagero meu dizer isso)!Poderia enumerar vários motivos pelos quais eu devo escrever sobre o "Passagem para..." do jornalista Luís Nachbin que vai ao ar de segunda a sexta às 11h da noite no canal Futura - mas prefiro partir direto para o comentário.

A ideia do programa pode ser resumida em poucas linhas, pois trata-se de um jornalista que viaja o mundo colhendo histórias e imagens das pessoas, seus costumes e culturas. É um trabalho muito curioso, que demanda observação e principalmente sensibilidade. Com influências do New Journalism, Nachbin é um viajante solitário que parte em busca de novos ângulos e novas maneiras de contar histórias com uma profundidade muito peculiar em se tratando de televisão.

Rússia: o som da Sibéria from Canal Futura on Vimeo.

Viajando pela Índia, ele seria capaz de encontrar uma brasileira que após a morte de seu filho decidiu percorrer o país em busca de iluminação espiritual. Ou então, em uma ilha da América Central ele poderia se deparar com um profeta falando sobre a vida. A princípio, um programa de viagens parece algo tão banal, mas quando a proposta é falar sobre "gente", tudo fica mais interessante.

Talvez os Estados Unidos que conhecemos fique um pouco diferente diante da lente de Luís Nachbin quando ele resolve cortar o país de ponta a ponta e o Irã pode não ser exatamente como nos noticiários. Porém, em meio às tantas viagens do Nachbin, é interessante perceber que talvez não importe quais sejam as diferenças, porque incrivelmente somos todos iguais.

México: o coração do país from Canal Futura on Vimeo.

Existem programas que são modas passageiras e outros, como é o caso do "Passagem para..." conseguiu me cativar e fazer com que eu me tornasse espectador ao longo de várias temporadas. Eu nunca pensei em trabalhar na TV, na verdade prefiro mesmo é ficar lá atrás, nas redações - mas se algum dia eu puder (ou precisar) trabalhar na televisão, gostaria de fazer um trabalho como o "Passagem para...". E não digo isso por causa das viagens apenas, mas também pela possibilidade de registrar peculiaridades, guardar ali na câmera histórias tão pessoais e que ao mesmo tempo refletem a realidade de determinada cultura.

Fica a dica: assista as trips do Nachbin, realmente vale a pena! E para aqueles meio "Dean & Sal" (personagens do escritor Jack Kerouac) que desejam colocar o pé na estrada, talvez levar uma câmera e registrar tudo seja algo importante...

Passagem Para extra 004 Belize from Canal Futura on Vimeo.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Quinze anos de F.R.I.E.N.D.S em 4 vídeos



EXATAMENTE hoje faz quinze anos desde que o primeiro episódio de Friends foi ao ar. Desde 1994, dez temporadas, um público de 55 milhões de pessoas no episódio final, salários milionários e risadas e mais risadas são garantidas em cada episódio (ainda que você os reveja em infinitas reprises). Lembro da véspera do último episódio, quando os olhares de quem cresceu assistindo a série se voltaram para ver qual seria o desfecho dos cinco amigos, em especial, o final do casal Ross e Rachel.

Neste aniversário de 15 anos eu penso a respeito da longevidade de uma série que não saiu das grades de programação - e que agora, para entrar "oficialmente" no mundo da internet, pode ser comprada episódio por episódio na rede. Em comemoração pelo 15° aniversário de F.R.I.E.N.D.S, eu seleciono QUATRO vídeos da série no youtube que sempre vejo!


1 - A promo de 3 minutos da NBC contando um pouco da história da série antes do último episódio:




2 - Phoebe maravilhada com "sua própria voz", a música é Smelly Cat:



3 - Rachel tentando enxergar sua filha Emma na ultra-sonografia... "I can't see IT!"




4 - No último episódio, quando Ross levanta para abrir seu coração, eis que Gunther surge primeiro e declara todo o seu amor aRachel!

RACHEL: "Gunther, oh, I love you too..."

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

O 11 de Setembro


Como você acompanhou o ataque às torres gêmeas do WTC em 2001? Onde você estava? Quantos anos tinha? Como compreendeu aquelas cenas?


Estas são indagações interessantes para o 11 de setembro de 2009. Passados exatos oito anos do maior atentado terrorista da história, podemos olhar para trás e nos perguntarmos: o mundo mudou após os acontecimentos? Apesar de ser uma pergunta um tanto quanto óbvia, é importante para nos leva a refletir acerca das rupturas na história e também das conseqüências de acontecimentos tão significativos, como foi o 11 de setembro.

Eu acompanhei os ataques pela internet, pela TV e pelos jornais. A escalada do Jornal Nacional daquele dia é inesquecível, e o mundo se voltou para Nova York em um filme real que imitava Hollywood. O intrigante é a ironia por trás dos ataques, afinal de contas, um grupo extremista havia demolido o principal símbolo do poder americano com dois aviões lotados de pessoas.

Oito anos depois, podemos dizer que os desdobramentos dos atentados foram dramáticos. A invasão do Afeganistão e a guerra do Iraque são grandes catástrofes sem uma visível solução. Recentemente, o Afeganistão falhou ao tentar realizar eleições por contra própria - ainda não sabe quem será o novo presidente do país. Já no Iraque, a situação é bem pior... Enquanto Obama promete retirar gradualmente as tropas do país, atentados são rotina e não existe uma administração capaz de organizar o país. E é ai que os atentados ao WTC e ao Pentágono parecem pequenos.

Tive um trabalho interessante nesta semana: produzir uma entrevista com o correspondente da Folha de São Paulo que foi responsável pela cobertura do 11 de setembro. O jornalista Sérgio Dávila (autor do livro "Nova York antes e depois dos atentados") foi o entrevistado do Jornal das Seis de hoje. Inicialmente pensei: o que perguntar? Parece que todos estão cansados de saber o quão significativo foram os atentados e quais foram (e ainda são) as conseqüências do ocorrido. Revi imagens, assisti as cenas, li reportagens da época - tentei me cercar de informações.

Na noite de ontem, eu pensei bastante e coloquei as perguntas no papel. Como o país relembra os ataques, projeções para a guerra do Iraque, política de combate ao terrorismo do governo Obama, entre outras questões estavam na pauta... Mas foi então que resolvi colocar como última pergunta uma indagação que sempre me fiz em relação à documentação de momentos ditos "históricos". E então indaguei: como é, para um correspondente, viver algo tão marcante e histórico, e ao mesmo tempo inexplicável a princípio, como foi o 11 de setembro de 2001?

Enquanto estudante de jornalismo confesso que esta era a pergunta que eu mais esperava para ter a resposta. Uma breve pausa, e Sérgio, lá de Washington D.C., revelou que primeiro veio o susto e depois a responsabilidade e humildade para reportar um evento histórico. Sem dúvidas o 11 de setembro marcou a vida de muitos jovens da minha geração que desejavam, ou ao menos tinham aspirações, de se tornarem jornalistas. Os atentados daquela manhã definiram o início do século XXI, como ressalta Sérgio Dávila e me mostrou que a história é uma peça de teatro que se descortina diante dos nossos olhos.

No início do ano, eu acompanhei outro momento histórico, ao som de City of Blinding Lights. Era Obama tomando posse e deixando no ar a esperança de que o futuro poderia ser mudado. Na entrevista com o correspondente da Folha, pude perceber que a postura do novo governo dos EUA parece muito diferente da anterior – como Dávila diz: foi uma guinada de 180° em relação ao governo Bush.

Hoje, oito anos após os ataques, eu olho para o ocorrido e penso: será que um dia o mundo vai realmente conhecer a paz? Ainda que seja utopia, talvez a partir de algumas mudanças de postura de governantes e pessoas, possamos ver uma quantidade menor de bombas explodirem sobre as cabeças de humanos, como nós. E mesmo sem as duas torres imponentes, Nova York ainda é a cidade de luzes que ofuscam, ao menos para mim.