domingo, 25 de julho de 2010

Sobre encontros e desencontros


Milhares cruzam as ruas neste momento. São ruas que não precisam de nome, dignas dos mesmos temores... pavimentos construídos para dar passagem,abrir caminhos, para guiar, transportar. São aberturas iluminadas que guardam segredos, testemunham mistérios e se tornam palcos de estórias diversas...

No entorno do centro da cidade alguns carros buzinam e o barulho as vezes é insuportável. Ambulantes gritam, carros de som passam, as pessoas acabam esbarrando umas nas outras - tudo parece acontecer em uma sintonia frenética, desordenada. Os gestos e olhares revelam a presa de chegar a algum lugar qualquer, são horários que devem ser cumpridos, e que acabam aprisionando as pessoas em convenções e regras. Não existe mais tempo para si próprio, não existe tempo para o outro. Seríamos verdadeiramente livres?

A presa, a rapidez, as horas escassas, o sentimento de que o tempo passou e você nem percebeu. Os compromissos, a agenda do dia, os minutos, os segundos...

Mas em meio a tudo isso você permanece só, observando. É apenas mais um estranho e a menos que alguma fatalidade ocorra, ninguém perderá tempo com você. Mas não existe um sangramento visível aos olhos apressados dos que passam, não aconteceu nenhum acidente com você. É por dentro que sua dor persiste e a solidão parece não ter fim. São problemas que aprisionam e calam os gritos, são marcas de uma individualidade - verdades do nosso tempo.

Sim, você pode estar perdido, só em meio a uma multidão de pessoas que apenas esbarram em você. Mas talvez sua história se cruze com a de outra pessoa em alguma esquina pela frente.

Entre um cruzamento e outro, enquanto as horas passam, você pode estar parado enquanto todos continuam andando. Mas se você não parar e apenas seguir adiante por entre os sinais e placas, talvez você encontre alguém... ou apenas encontre a si próprio.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Amores platônicos ao som de Oasis

Ela 'sempre' andava com fones de ouvido, e parecia 'sempre' atarefada o bastante para apressar o passo e sair correndo pra casa assim que batia o sino da escola. Eu devia ter uns 12, e ela uns 17. Enquanto eu saia do curso de inglês, ela chegava pra ter aulas em um nível muito acima do meu. Eram tempos de Britney Spears e Backstreet Boys, mas ela não parecia curtir as músicas que toda garota curtia. Ela lia livros densos, do tipo clássicos da literatura.

Um dia ela chegou mais cedo no Inglês. Período de jogos no colégio e muitas atividades extras. Sentei-me no sofá e começamos a conversar. Perguntei, acanhado, o que ela gostava de escutar[Não contei, mas ela tinha um disckman na bolsa]. Ela era fã de Oasis, e não poderia ser diferente.

(...)

Foi então que eu escutei a música que seria sempre responsável por trazer a tona os amores platônicos da minha pré-adolescência.

Não demorou muito e ela se mudou da pacata cidade. Não a vejo há muito tempo, mas pelo menos ainda posso escutar "Don't look back in anger".